quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O BURRO DE CARGA





Vi ao longe, foi se aproximando devagar, um homem guiando um burro que estava carregado. Vendo minha curiosidade, o senhor me perguntou:
-Você quer saber o que me aconteceu, por que estou puxando este burro carregado de pedras, sem poder montá-lo, por está tão pesado, com tantas pedras?
-Estou curioso – respondi sem hesitar – desde que vi o senhor puxando este pobre animal, que está insuportável tal carga a ele.
- Então conte a tua historia!
- Eu fiz um juramento – disse-me ele – em não ficar mais estressado, magoado, triste, irado, ressentido, por qualquer coisa que fosse que alguém lançasse contra mim, mesmo se este alguém fosse muito insistente em tirar a minha paz, eu não lhe daria atenção ao mal que ele queria me dar no presente.
Dizendo essas palavras ele ficou em silencio, parece que queria ver o tamanho de minha curiosidade. Então quebrando o silêncio, eu falei:
- Não entendi o que tem haver esta tua história com este pobre animal castigado!
- O burro – explicou ele – foi feito para carregar peso, eu não! Eu fui feito para ser feliz e criativo, viver em paz.
- Cada desavença – continuou ele, - intriga, desentendimento que existisse entre eu e alguém, ao invés de permitir aquele mal tirar minha tranquilidade, penetrar em meus nervos e em meu sangue, eu faria uma comparação com o peso que aquilo seria à minha alma, ao meu pensamento e colocando uma pedra nas costas de meu burrinho, seguia meu caminho.
O burro – colocando a mão na cabeça do animal, continuou – é um animal que suporta peso, carga no lombo de um burro é coisa natural. O sistema sanguíneo e o sistema nervoso são os principais sistemas de vida de um ser vivo. Então pensei: se eu armazenar ódio, vingança, inveja, desentendimento, mágoa, ressentimento, o peso do passado, estaria aproximando cada vez mais de minha sepultura.
Foi aí que fiz este juramento – acenando à carga de pedras, falou novamente – o burro suporta o peso destas tantas pedras e tantas outras mais se for preciso nesta minha caminhada, porém, meu sistema nervoso e sanguíneo não suporta o peso do mal se eu quiser carregar sobre eles.
Eu fiquei indignado, com tamanha crueldade com um pobre animal inocente. Tantas pedras desnecessariamente e ainda dizer que o pobre burro ainda suportaria outro tanto a mais! Respondi com um tom de dureza:
- Isto é uma covardia! Isto não é ser humano, é pior que o burro em entendimento, em ação não pode ser comparado com a maldade da serpente!
Ele, puxando o burrinho continuou seu caminho. Quando estava bem distante de mim, talvez pensasse que eu não estava mais prestando atenção nos seus passos, nos seus movimentos. Apanhou mais uma pedra e lançou junto das tantas que o burrinho estava carregando. Fiquei apenas pensando que por minha causa o burrinho era obrigado a carregar o peso de mais uma pedra.
Eu fiquei revoltado, o burro foi com mais um peso no lombo, o guia do burro seguiu seu caminho em paz.
(Icassatti & Mendonça - O VENCEDOR)

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