sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A ÁRVORE E O PASSARINHO


História narrada por um índio.

- Passarinho, passarinho meu amigo – disse a árvore a um passarinho - que canta toda manhã uma canção mais linda que a outra, pulando nos meus galhos. Leve por favor, duas sementes minhas e plante-as naquelas terras cultivadas pelo homem, que assim terás chance de sobreviver. Quem sabe uma sobreviva e espalhe as sementes formando uma floresta muito bonita naquele lugar.

- Farei o que pedes – disse o passarinho -óh minha grande amiga, que todos os dias me dá um fruto para eu me alimentar. Entretanto, não lhe compreendo, pois lugar de árvore alta é na floresta e não em terras cultivadas pelo homem.

- Aqui está cheio de árvores – falou novamente a árvore - não há espaço para minhas sementes crescerem, vá e faça o que te peço, depois de certo tempo quero saber o que aconteceu com essas duas sementes.

O passarinho passou para seu filho, que deveria ir passando de geração em geração, até completar sete mil dias do plantio da semente e contar a história para a árvore mãe, como estaria sua filha depois de tanto tempo.

Passando sete mil dias, o passarinho descendente do que havia plantado aquela semente, deveria relatar como estava a árvore filha, em lugares abertos, terras cultivadas pelo homem.

Quando o passarinho retornou, a árvore foi logo lhe perguntando:
- Como estão minhas filhas, conseguiram crescer até as nuvens do céu e espalhar sementes, tornando ali uma bela floresta?

- Óh minha amiga - relatou o passarinho - das duas sementes que ali foram plantadas, uma não sobreviveu, o homem deixou apenas uma para fazer-lhe sombra, cortando a outra para que não ocupasse muito o espaço de suas terras.

- Porém quantos milhares cresceram desta minha filha? – Perguntou a árvore.

- Existe apenas ela – respondeu o passarinho - naquela imensidão de terras.

A árvore decepcionada ainda continua:
- Qual é a altura de minha filha, como ela é?

- Tem muitos galhos retorcidos – continuou o passarinho – é baixa, não conseguiu crescer nem semelhante à menor árvore da floresta e ainda pensa ser grande. É muito orgulhosa, se diz a rainha daquelas terras feias.

- De meus milhares de sementes – prosseguiu a árvore – que por aqui caíram, vejo pouquíssimas árvores. Entretanto, sementes que caíram depois dela, conseguiram neste sufoco da floresta ainda crescer e estão muito mais altas que eu.

- É verdade – concluiu a árvore relembrando o conselho de um velho amigo – que há muito tempo, muito tempo mesmo, um passarinho disse-me: “- lugar de árvore alta é na floresta e não em terras ocupadas pelo homem”.

Livro: O VENCEDOR - ICASSATTI & MENDONÇA

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