sexta-feira, 11 de março de 2016

OLHANDO NO ESPELHO

Itamarandiba de penhasco,
Povo que nunca deixa de sonhar...
Mesmo diante do cansaço,
Ainda há uma esperança a brotar!

Terra que o meu primeiro choro viu,
Foi um presente que encantou uma bela jovem.
Neste dia muito alegre alguém para mim sorriu
E disse: esse aqui um grande futuro tem!

Eucalipto és sombra,
Nesta terra inclinada.
Solo sem verde, esse povo zomba!
No rosto desta gente alegria estampada.

Dali um dia eu parti...
Minha face lágrimas molhou novamente.
Aqui sentimentos de alegria eu fingi.
O tempo passou e jamais esquecerei minha gente.

Hoje duas cidades há em meu coração:
Itamarandiba não ficou para traz,
Matupá está na palma de minha mão.
Amar onde nasci e onde cresci sou capaz!


Ainda me lembro do jeito de minha primeira professora:
Foi ela quem me ensinou a sonhar alto.
Naquela escola pequena, não tinha diretora.
Todos eram importantes parecia o palácio do planalto.
Jamais esquecerei meu colega de caminhada.
Quatro classes estudavam em uma mesma sala,
Consegui a maior nota nesta primeira jornada.
Caderno e merenda iam dentro duma pequena mala.

A mestra me dava muita liberdade,
Ao lado dela num colega espichei uma varada,
Cem metros da escola, ele me desceu o braço sem piedade.
No outro dia as brincadeiras e não se lembrava de mais nada...

De sete a treze eu era um dos nanicos.
Escolinha da roça é mesmo assim,
Sem merenda, a solução era o bananal do tio Larico!
Dos seus xingos, a molecada não estavam nem afim...

Pra chegar à escola, era mexericas do tio Lia,
O cheiro da fruta cítrica não deixava fácil a mão,
A professora brigava por aquele cheiro que ardia,
Esfregar um ramo pra disfarçar era a solução.

A primeira série nesta escola estudei.
Comia doce e recebia a benção da vovó.
A segunda e a terceira mais próximo de casa fiquei.
Na casa de D. Amazildes não comia mais pão-de-ló.

A segunda professora, o nome de uma flor!
Todos pintavam e bordavam em sua ausência.
Aprendiam o que ela ensinava com muito amor.
Era brava e até para brigar tinha paciência.

A segunda um casal de filhos, a primeira solteira.
Imagine a dor de uma mãe, perder seus dois pequeninos.
Mulher de fibra, não baixou a cabeça diante desta barreira.
Acontecimento que levarei em minha essência de menino.

Tive terceira professora, na mesma escola,
Nesta que levava o nome de meu avô.
De castigo fiquei, por rasgar da colega a sacola.
No recreio brincava e via passarinho no telhado bangalô.

Agora vejo a chuva caindo, deitado no sofá.
Dona Izabel brigando pela porta está aberta.
Contemplo beija-flor saboreando mel do ingá.
Terra molhada, 'penso', semente logo desperta.

Trovão avisando que a chuva continua.
Respingos estão molhando a sala.
As avezinhas após banhar, foram pra casa sua.
Com a chuva caindo, retorno ao passado que não cala.

Não posso viver no passado,
Mas relembrar é agradável.
No presente, escrevo o que no tempo ficou parado.
É bom viver e deixar alguma coisa no papel.

Lá no alto, morava eu no cafezal.
Longe da cidade, naquele paraíso,
Não se ouvia barulho nem do sino da catedral.
As casas tinham a cor do solo em seu piso.

O pintassilgo entoava linda canção.
Sabiá batia logo cedo em minha janela.
Meu pai me ensinou ao meu Deus fazer uma oração.
Levantava e encontrava leite quente na panela.

Fazia parte da paisagem, a nuvem de samambaia.
Sombreava o jacaré, ao lado de minha casa.
Nos fins de semana, jogo de peteca e maia.
Lá no céu urubu batia asa.

Aos domingos vender pipoca na beira do campo.
Em ganhar meus trocados sentia grande satisfação.
Para muitos aquela criança trabalhar era espanto,
Porém, sentia nas minhas idéias uma grande expansão.

Fazer chup-chup na geladeira a gás.
Que bom era brincar de birosca e pega-pega.
Roubar bandeiras, tempinho que me apraz.
Mesmo longe, não esqueço a infância nem os colegas.

Depois de grande é bom ainda ser criança,
Voltar ao passado e ver pessoas que jamais verei.
Lembrar dos sonhos que ainda me resta esperança,
Estabelecer metas e conquistar o que um dia sonhei.

Ir à casa da vovó passear,
Comer quitanda e brincar com os primos.
Um menino que no tempo passado não pode ficar.
Voltar e lembrar das estórias e mimos.

Aos poucos vai aumentando os amigos da infância.
As brincadeiras e brigas em relembrar fazem-me feliz.
Longe da cidade não esqueço de minha estância.
Brincando com meu irmão, na panela um dia bati o nariz.

Meu amigo Nêm, me recordo da cachoeirinha,
Quanta brincadeira naquele pequeno tempo,
Órfão inocente, devia seguir com sua mãezinha.
Voltar a ser criança hoje a vida me dá alento.

Corremos de cavalo-de-pau,
Pensando no futuro ser herói.
Jamais pensei em Mato Grosso pescar piau.
Mesmo amando este pedaço de chão, a saudade ainda dói.

Brincava com criança e gente grande,
João Camelo, apelido divertido.
Inspira-me ainda mais, ver O Pequeno Príncipe na estante,
Ser criança adulta, é ter os vulcões resolvidos.

Quando Valdecir partiu, pensei: triste é deixar a terra natal...
A vida sem explicação, o mesmo me fez.
Jesueila se foi e comigo ficou uma dor fatal,
Não devo pedir explicação: na mão do Pastor sou uma rês.

Como diz Augusto Cury, pela pior dor eu passei,
A vida ensina o que você precisa aprender.
Muitos escombros, vales e desertos cruzei,
Pelo caminho que percorri, alguma coisa posso entender.

Em outra terra, ao invés de diminuir, aumentam os amigos,
Não importa se vão lembrar de mim,
Onde eu for, vocês irão sempre comigo,
A vida, semelhante terreno baldio, sempre muda o capim.

Lá no alto via a torre da TV Leste,
Hoje minha linda SERRA NEGRA, é área de preservação.
São Miguel e Desejada alegria me deste,
Sei que não muito distante dali nasceu o Pai da Aviação.

Manoel Maurício homem popular chorando ficou
Dentro de um jipe deixamos São Miguel
Ao roncar do ônibus mais lágrima rolou
Na estrada comendo farofa e pastel

Em BH chegamos ao amanhecer
Os últimos parentes na rodoviária a abraçar
Quando seria o próximo abraço partimos sem saber
Rapidamente em outro ônibus rumo à Cuiabá

Para esquecer, o jeito era olhar pela janela a paisagem
Um primo, papai, mamãe e meia dúzia de irmãos
Na rodoviária uma grande briga, pelo tamanho da bagagem
Cuiabá, pra descontrair min’irmã encheu o prato d’ limão

Era a primeira vez aquela gurizada em uma cidade grande
Meu irmão dava um grande grito quando via um caminhão
Trinta e um de janeiro em Peixoto tomamos refrigerante
Enquanto isso meu pai comprava panelas e colchão

À Nona Agrovila ainda chegamos ao último dia do mês
Eles já tinham preparado para nós uma casa alugada
Janta pra aquela turma toda a Jovina quem fez
Enchemos a barriga com uma bela macarronada

Em poucos dias meu pai um sítio comprou
Dos seis irmãos só uma não tinha idade em ir à escola
Para resolver alguns negócios meu velho voltou
Retornando com a prima que se encantou ao ver o Pistola

Sr. Altair e D. Zefa partia conosco até um pé de mandioca
Na primeira visita minha avó até chorou
Conhecemos jerimum, macaxeira, aipim e tapioca
Meu pai na construção civil com o Jésus embarcou

Vi o mundo desabar sobre mim, 11 de janeiro seguinte
Ao seio de Deus retornou minha pequena irmã inocente
Jesueila me ajudou encontrar um tesouro com requinte
Nos escombros encontrei da felicidade uma semente

Fiquei tão sentido que deixei até de sentir
A dor era tanta em’eu corpo, deixei até de caminhar
Passando mais três anos para Matupá eu parti
Meus passos deixei pra Deus encaminhar

Hoje é domingo de páscoa de dois mil e nove
Walmir Brembatti de tradição gaúcha queimando carvão
Minha irmã na faxina, ‘pensa’ sai pra lá não me estorve
Penso em Matupá projeto de grande expansão

Deixar minha terra não é mais motivo de tristeza
Aprendi alguma coisa e tenho muito a aprender
Até um dia dizer que desta vida nada sei com certeza
Voltar e buscar aquela criança e seus sonhos empreender

Novas cidades novas colonizações
Norte mato-grossense Amazônia Legal
Aqui do Brasil tem gente de todas as regiões
Filho desta terra grande personalidade é o ilustre Silval

De Matupá Adário Martins primeiro prefeito
Silval Barbosa em Cuiabá é representante
Serjão o terceiro e agora é o Fernando com efeito
Valtinho não foi 3x porque não permite a lei da nossa gente

Hermínio Ometto um grande sonhador
Ele implantou no nortão o sonho de Matupá
Ao ver o projeto aqui se instalou grandes empreendedor
Precisamos de homens de coragem a esse sonho realizar

Matupá floresta à beira d’água
Mesmo pequena tem exuberante beleza
Por aqui não se vê mais jaguar
Cidade que encantará o mundo se seguido com clareza

Povo que sonha alto essa gente
Disse ele: siga se quiser este é o projeto que propus
Um sonhador plantou neste chão uma pequena semente
No coração deste povo grande sonho reluz

Os traços de princesa aos poucos se desponta
Todos que a vê se encantam
Espaço pra 300.000 habitantes ele fez a conta
Grandes empresas com certeza se implantam

Matupá minha amada exuberante
Neste majestoso Estado tem grande extensão
Árvores, protegem seu povo do sol escaldante
Minha princesa você jamais sairá de meu coração

Os filhos teus lutam de cabeça erguida
Seguem projetos que te levarão às alturas
Quem não te conhece vê em ti uma menina inibida
Tu és única e segue seu caminho com ternura

Minha querida até em breve
Para minha terra natal meus pensamentos me levam
Por ali quero passar e observar tudo bem de leve
Sei que lá muitas pessoas me esperam

Devemos ver as coisas simples da vida
Nos pequenos detalhes encontramos sentido em viver
Colocando de pé aquela criança que há muito ficou perdida
Sem medo das palavras que os outros tem a dizer

Sonhar é não ter medo de voltar pra dentro de si mesmo
Sonhar é viver esse momento de agora
Sonhar é planejamento com ação e não ficar a esmo
Sonhar é viver o presente sem deixar que o passado lhe devora

Que abraço gostoso meu menino
Quanta falta você me fez
Pensei que você já não existia mais pequenino
Faremos da vida uma grande festa outra vez

Não fui eu que te abandonei
Você que não quis mais correr comigo na lama
Deixou de acreditar nas canções que em seu ouvido entoei
Nunca esqueça, sempre há bom caminho pra quem ama

Fico feliz em te encontrar meu garoto,
Refazer nossos caminhos e as coisas boas relembrar.
Ah! O meu cachorro, ainda lembro do Piloto!
Correndo e ele em minhas pernas embaraçar.

Veja lá, o Juarez fazendo queijo,
O apelido dele era Lebre.
Para aquele tempo agora volto com ensejo,
Fazia-me tanto rir que dava até febre.

Ailton contador de estórias,
Minh’alma se alegrava em ver-me um herói no futuro,
Quase seu xará, encantou o mundo com grandes vitórias,
Faça as crianças sonharem e não lhes seja duro.

Vovozinha me oferecia leite quente com melaço,
Antes, meu padrinho enchia um copão de leite da hora,
De repente devia voltar ao meu regaço.
Viver é buscar os sonhos de outrora.

Nailson e as nossas grandes estradas,
Dividíamos fazendas, com pequeno trator acesso ao mundo.
Sonhando com logística, dois pequenos camaradas,
Pensando em correr o universo, sem ser vagabundo.

Tempo bom é o presente.
Ser criança depois de grande ainda é possível
Dentro do adulto tem um que é dos sonhos representante
O homem que consegue ser menino é infalível

Pensar nas coisas boas da vida nos faz crescer
A criança se desenvolve por sonhar com um castelo
O homem que não sabe ser criança vai aos poucos perecer
Se transformar em criança é ser simples e contemplar o belo

Tia Léia com charadas minha curiosidade despertando
Igual a todo menino era eu um grande sonhador
De Papai Noel ainda pequeno minha mãe libertando
Escrevia no chão e desconhecia da vida o dissabor

Iniciou o sofrimento por não compreender as pessoas
Incompreensão a criatividade mata
Quem perde o amor os fantasmas do passado na alma soa
Um sonhador mata os fantasmas e os sonhos resgata

Acreditar em si mesmo é o primeiro passo ao sucesso
A vida foi feita para vivê-la como criança
Força para cumprir minha vocação Senhor é que Te peço
Descobrir aquele menino me traz de volta a esperança

O fundamental completei na casa da titia
Estudava com dedicação sem perca de tempo
Nos fins de semana pra casa partia
De volta na 2ª corria sentindo nos cabelos o vento

Em 60 dias um novo amigo encontrei
Órfão de pai ou de mãe seu nome era João
Após a greve de abril retornei
Meu amigo lá estava mais não

A vida é aquilo que peço
Viver é sorrir pra vida
Se estou de bem comigo recebo o que mereço
Viver é jamais revoltar quando alguém faz a despedida

No ano seguinte outro grande acontecimento
Sua chegada em 08 do primeiro mês escolar
Jesueila me deu grande contentamento
Pena que não sabia que esse tempo ia tão rápido passar

Aprendi um pouco sobre a incerteza do futuro
O mais importante é desfrutar o presente que nas mãos está
Ficar distante do agora é muito duro
Minha menina para sempre você será

Alguém me ensinou que tudo que quero sou capaz
Acreditar no Criador é de mim primeiro ter certeza
A maior riqueza é contemplar e fazer o que me apraz
Descobrir meu ofício e a ele dedicar com destreza

Sou o que penso
Logo em que pensar?
Sou campeão e sempre venço
Eis aí no que meditar

O vencedor não se abate quando derrotado
Aprende com a noite ou com o dia
Quando fica triste volta ao passado
Se alegra em ver aquela criança que sempre sorria

Após a tempestade noturna vem o sol brilhando
Sem medo ele vai à luta
Com firmeza novamente seu espaço conquistando
E de lugar com seu inimigo ainda faz uma permuta

Vencer é nunca desistir de viver
O que é difícil sempre um dia termina
Aproveitar a vida para as coisas boas aprender
Aquilo que não faz bem da alma o sábio elimina

Nas idas e vindas, algo sempre nos marca.
A cicatriz fica e a dor vai embora.
Quem sente dor que passou, ao fracasso embarca.
Dor inexistente a alma embolora.

Lembro no que meu pai ali atuou:
Cultivava lavoura de café,
Até que um dia na política ingressou,
Teve que lutar com grande afinco, pra na final ficar de pé.

Para prefeito nosso lado gritava Leão,
Eles eram menos e ainda conseguiam falar Ferrim.
Pra vereador era Elias do Rozendo então,
Indo até a final assim.

Em plena três horas da tarde, Jair fazia um barulhão!
Adversário que morava ao lado, de raiva estremecia...
Gritavam batendo no tambor: é Elias e Leão!
Proclamavam o mesmo antes que o dia amanhecia.

Valdecir no dia da vitória estava ausente,
Envolveu-se tanto que era muita emoção...
Excedeu os limites e sentiu mais dor que dor de dente,
Sem um pedaço do dedo e uma cicatriz na palma da mão.

Isto foi em noventa e dois,
Tio Oséias e Ivair entoavam uma linda canção,
Aqui vai o título e a música depois:
“Venceremos na final com união”

Com Fizinho, 200 caixas de foguetes meu pai apostou.
Foi grande a disputa à Câmara Municipal.
Na época da cédula, após 3 dias foguete estourou:
Leão e Elias estavam vencedores na final!

E. E. Dr. Cristiano Machado,
Da 4ª a 8ª série ali estudei.
Sinto orgulho em ali ter estudado.
Aquele pedaço de chão sempre amarei.


MAIS ALTO VOCÊ PODE VOAR AGORA

Sinto saudades daqueles tempos,
Tempos em que eu vivia,
Tempos em que tinha amigos,
Tempos em que a vida pra mim sorria.

Que saudade de minha infância,
Correndo e na lama eu caía,
Levantava como se nada tivesse acontecido,
Sentia-me feliz porque aquela gente sorria.

No alto da montanha,
Procurava encontrar o Criador,
Ouvia uma voz semelhante a um trovão:
“Está em toda parte, do mundo o idealizador”.

Quão bons eram aqueles tempos,
Tempos em que eu vivia,
Saboreava o mel, na floresta encontrado,
Limites aos meus sonhos não existia.

Tempos bons eram aqueles,
O futuro era brilhante,
Pra vida eu sempre sorria,
Naquele tempo tudo era interessante.

Aquele futuro brilhante,
Hoje é meu presente,
Não é nada daquilo que sonhei,
Corrói a dor minha mente.

Do alto da montanha,
Num despenhadeiro sem fim,
Os amigos se foram,
Neste vale encontro-me sozim.

Eu apenas observava,
A voz do Criador vinha como um estrondo,
Hoje grito por Ele,
Só ouço o eco nestes escombros.

“Silenciou, filho ingrato?”
Esta voz não é minha!
Lembra-me da montanha o trovão...

“Não importa o quão profundo você desceu,
Em Deus não há limites,
Tão mais alto você pode voar agora,
Em Deus uma oportunidade sempre existe”. (Mariane Williamson, p. 28, A Idade dos Milagres)

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