domingo, 6 de dezembro de 2009

MEDITAÇÃO















EU CREIO, QUE A EXISTÊNCIA INTEIRA.
É UM MISTÉRIO TALVEZ; - MAS N'ALMA SINTO
DE NOITE E DE DIA RESPIRANDO FLORES,
SENTINDO AS BRISAS, RECORDANDO AROMAS
E ESSES AIS QUE AO SILÊNCIO A SOMBRA EXALA
E ENCHEM O CORAÇÃO DE IGNOTA PENA
COM A ÍNTIMA VOZ DE UM SER AMIGO,
QUE ESSAS TARDES E BRISAS, ESSE MUNNDO
QUE NA FRONTE DE MOÇO ENTORPA FLORES,
QUE HARMONIAS EMBEBEM-LHE NO SEIO -
TEM UMA ALMA TAMBÉM QUE VIVE E SENTE...

A NATUREZA BELA E SEMPRE VIRGEM
COM SUAS GALAS GENTIS NA FRESCA AURORA,
COM SUAS MÁGOAS NA TARDE, ESCURA E FRIA,
E ESSA MELANCOLIA E MORBIDEZA
QUE NOS EFLÚVIOS DO LUAR RESSUMBRA -
NÃO É APENAS UMA LIRA MUDA
ONDE AS MÃOS DOS POETAS ACORDAM HINOS
E A ALMA DO SONHADOR LEMBRANÇAS VIBRA...

POR ESSAS FIBRAS DA NATUREZA VIVA,
NESSAS FOLHAS E VAGAS,NESSES ASTROS,
NESSA MÁGICA LUZ QUE ME DESLUMBRA
E ENCHE DE FANTASIA ATÉ MEUS SONHOS -
PALPITA POR VENTURA UM ALMO SOPRO,
ESPÍRITO DO CÉU QUE SE REANIMA,
E TALVEZ LHES MURMURA EM HORAS MORTAS
ESTES SONS DE MISTÉRIOS E DE SAUDADE,
QUE LA NO CORAÇÁO REPERCUTIDOS
O GÉNIO ACORDAM QUE ENLANGUESCE E CANTA!

EU CREIO, LUÍS, TAMBÉM AS FLORES
ENTRE O PERFUME VELA UMA ALMA PURA,
TAMBÉM O SOPRO DOS DIVINOS ANJOS
ANIMA ESSAS COROLAS CETINOSAS,
NO MUMÚRIO DAS ÁGUAS DO DESERTO,
NA VOZ PERDIDA, NO DOLENE CANTO
DA AVE DE ARRIBAÇÃO DAS ÁGUAS VERDES,
NO GEMIDO DAS FOLHAS DA FLORESTA,
NOS ECOS DA MONTANHA, NO ARRUÍDO
DAS FOLHAS SECAS QUE ESTREMECE O OUTONO,
HÁ LAMENTOS SENTIDOS, COMO PRANTOS
QUE EXALA A PENA DE SUBIDA MÁGOA...

E DEUS! - EU CREIO NELE COMO A ALMA
QUE PENSA E AMA NESSAS ALMAS TODAS,
QUE SE ERGUE PARA O SEU, E QUE LHES VERTE,
COMO ORVALHO NOTURNO EM SEUS ARDORES,
O AMOR, SOMBRA DO CÉU, REFLEXO PURO
DA AURÉOLA DAS VIRGENS DE SEU PEITO!
ESSA TERRA, ESSE MUNDO, O CÉU E AS ONDAS,
FLORES, DONZELAS, ESSAS ALMAS CÂNDIDAS
BEIJA-AS O SENHOR DEUS NA FRONTE LÍMPIDA,
ARREIA-AS DE PUREZA E AMOR SEM NÓDOA...
E À DÁ A VENTURA DAS AURORAS,
OS AMORES DO VENTO QUE SUSPIRA,
AO MAR A VIRAÇÃO, O CÉU ÀS AVES,
SAUDADES À ALCION, SONHOS À VIRGEM,
E AO HOMEM PENSATIVO E TACITURNO
A CRIATURA PÁLIDA QUE CHORA -
ESSA FLOR QUE INDA MURCHA TEM PERFUMES,
ESSE MOMENTO QUE SUAVIZA OS LÁBIOS,
QUE ETERNIZA NA VIDA UM CÉU DE ENLEIO...
O AMOR DAS DONZELAS TRISTES.

SÃO IDEIAS TALVEZ... EMBORA RIAM
HOMENS SEM ALMA, ESTÉREIS CRIATURAS:
NÃO POSSO DESAMAR AS UTOPIAS,
OUVIR E AMAR À NOITE ENTRE AS PALMEIRAS
NA VARANDA AO LUAR O SOM DAS VAGAS,
BEIJAR NOS LÁBIOS UMA FLOR QUE MURCHA,
E CRER EM DEUS COMO ALMA ANIMADORA
QUE NÃO CRIOU SOMENTE A NATUREZA,
MAS QUE AINDA A RELENTA EM SEU BAFEJO
AINDA INFLUI-LHE NO SEQUIOSO SEIO
DE AMOR E VIDA A ETERNAL CENTELHA!
POR ISSO, Ó MEU AMIGO, À MEIA NOITE
EU DEITO-ME NA RELVA UMEDECIDA,
CONTEMPLO O AZUL DO CÉU, AMO AS ESTRELAS,
RESPIRO AROMAS, E O ARQUEJANTE PEITO
PARECE REMOÇAR EM TANTA VIDA,
PARECE-ME ALENTAR-SE EM TANTA MÁGOA,
TANTA MELANCOLIA, E NOS MEUS SONHOS,
FILHO DE AMOR E DEUS, EU AMO E CREIO!

ÁLVARES DE AZEVEDO



Nenhum comentário:

Postar um comentário

PlanetaBrasileiro

Seguidores

Amigos por 1 mundo melhor