Ele pai de três lindos filhos, o primogênito um menino de 05 anos, uma menina de 04 anos e o caçula mais um garoto com 03 anos. Casado há seis anos com Ana Campos de Albuquerque, 23 anos, ele completando naquele dia 25. Em uma tarde após o trabalho vai tomar um belo banho. A refeição está na mesa, seus filhos sentados estão à espera do aniversariante. No quarto, sua linda esposa, morena de cabelos pretos e longos, olhos verdes, serena, mulher de fibra, sentada esperando ele sair do banheiro pra lhe dar mais um abraço bem apertado e irem jantarem, últimos 20 minutos juntos naquela noite. Uma tarde perfeita, uma família perfeita, um dia perfeito e uma noite pra acontecer. Naquela noite estava com uma palestra à ministrar, das 20:00 às 23:00 horas. com o tema: "SEMPRE ACREDITE NO SEU POTENCIAL E JAMAIS SE IMPORTE COM O JULGAMENTO ALHEIO."
... Certo homem um dia, tarde da noite, ele vai em direção à sua casa após um longo período de trabalho. No trânsito um automóvel em auta velocidade fura o sinal, quase lhe atinge, mas passa em questão de instantes em sua frente. Ele se assusta, meio trêmulo segue em frente.
Próximo de sua casa ouve o som de sirenes de carros da polícia, rapidamente passa uma viatura ao seu lado em alta velocidade, outras tantas estão vindo em seguida. Não é preciso dizer que algo muito grave está acontecendo. Em volta está tudo iluminado de luzes vermelhas e azuis, a polícia lhe obriga a parar, militares com armas em punho como que procurando um um grande bandido. Carros que estavam há pouco a 200 km por hora, em menos de um minuto já tinham parado e homens armados foram saltando parecendo cachorros em busca de uma caça.
- Mãos para cima! - grita um militar em sua frente - saia logo daí de dentro!
Ele sem nada entender vai logo dizendo: - vocês estão enganados, eu sou fulano, trabalho em tal empresa.
- É você mesmo seu malvado, covarde, sanguinário - diz outro militar batendo com uma arma em sua cabeça.
Sem compreender fica em silêncio. É algemado e lançado no camburão. Ao chegar enfrente à delegacia ouve os gritos da população gritando por justiça, naquele bairro que estava sua residência, sua família perfeita, seus amigos, tantos que lhe conhecia e admirava seu talento e amor ao trabalho, à família, aos amigos e à sociedade.
Em menos de cinco minutos da abordagem está ele dentro, éh! Dentro da delegacia sendo protegido por um batalhão de PMs, parecia uma guerra.
Queria ligar pra sua esposa e contar o que estava acontecendo, no entanto ao sair do trabalho, antes de entrar em seu carro percebe que está sem celular, foi obrigado a desligá-lo umas três horas antes, início de uma reunião, (deve ter ficado com a secretária, pensa ele e vai embora). Alí não entende o que está acontecendo. Militares se movimentando dentro da delegacia. Lá fora um grande tumulto - queremos vingança, queremos justiça! - A multidão em uma só voz clamava. Ele dentro daquela cela, trancado, algemado, sozinho, com aquele cheiro horrível, pior que de um criadouro de porcos onde não é retirado o estrume dos animais mais que uma vez na semana.
Olha ao lado e vê uma pequena televisão abandonada, em cima de uma cadeira velha, de madeira. Liga e vê a correria de jornalistas em busca de informações, pelas imagens reconhece amigos e que a localidade é na delegacia de polícia de seu bairro, a única delegacia daquela cidade.
O apresentador do jornal da meia noite, com o foco voltado apenas para aquele fato, diz - o homem já está preso, ninguem esperava uma fatalidade desse tamanho por um homem que parecia um cordeiro, um anjo - continuou o apresentador - é mesmo um anjo mal, um cordeiro que se transformpou em lobo, como diz um provérbio: " nada se transforma, se revela".
Em seguida a porta que lhe trancava fez um tremendo barulhão lhe impedindo de ouvir mais alguma coisa dita pelo apresentador. Entrando uma meia dúzia de soldados fortemente armados e o leva à sala do delegado.
- Por que o senhor não está morto? - Pergunta o delegado.
- Certamente porque ainda estou vivo, se é que estou! - Disse ele mostrando o desconhecimento do caso.
- Tenha mais educação, que as coisas ainda podem piorar - finalizou o delegado, com uma pergunta - onde o senhor estava até uma hora dessas?
- Cuidando de meus afazeres, trabalhando - respondeu ele, e, fez uma pergunta ao
delegado - por que estou sendo interrogado, por que estou sendo preso, por que essas algemas ligando minhas mãos, por que?
- Você que deve se explicar, não eu - completou com aspereza o delegado e disse - leve ele daqui, prenda-o, tenham muito cuidado com ele.
Passados alguns dias foi a julgamento e condenado a 30 anos de reclusão. Todavia, como em seu país dificilmente cumprem até o fim a pena, após 7 anos estava livre, indo embora a outro país, à outra cultura, perdeu o antigo emprego, seus amigos antigos e sua família que antes era perfeita, tambem. Construiu uma nova família, novos amigos, esqueceu o passado ou melhor, estava vivendo o presente pois passado é passado.
Foi condenado por um crime que nunca ocupou tempo em descobrir quem cometeu, perdeu quem ele mais amava: sua linda e meiga esposa e seus brilhantes e ilustres pequeninos filhos em uma única noite enquanto trabalhava.
E assim fez o fechamento da palestra, entregando a cada um dos participantes um envelope azul claro com linhas vermelhas, amarelas e verdes contendo as seguintes palavras:
"Nunca esqueçam deste homem, mesmo condenado inocentemente, jamais deixou de viver, não abandonou a vida, sempre acreditou no seu potencial, sem se importar com o julgamento alheio. Reconstruiu uma nova história."
Após dobrar aquele artigo inédito de um jornal australiano e colocar dentro de um envelope azul claro com linhas vermelhas, amarelas e verdes juntamente com um papel amarelado pelo tempo, que foi um dia impresso por uma gráfica de um país de clima semelhante ao país daquele menino de 10 anos, que acabara de ler diante de seu pai, fechando o envelope colocou-o em cima da estante. Aos prantos seu pai o abraçou fortemente, sem dizer sequer uma palavra, recordava do último abraço em uma mulher elegante, no início da noite de seu aniversário de 25 anos. Se passara 20 anos.
Disse o menino: - papai, sei que esse homem é você e tambem sei que é inocente, mesmo nunca tendo me contado esta história eu acredito, mesmo que este artigo não tivesse sido publicado neste momento, eu já sabia disto há mais tempo. Uma professora que assistiu a esta palestra e viu os fatos sem conhecer provas concretas de sua participação me deu este envelope e contou sem saber que eu era seu filho, pois teu nome de casado aqui é outro. Passei a investigar buscando conhecimento sobre esses fatos, nunca disse isso a ninguem, hoje que saiu o artigo no jornal impresso daqui e na internet está estampado em todos os jornais de seu país, resolvi comentar e abrir esse assunto. Já havia descoberto que o senhor teve outra família em seu país, mas o que passou não volta mais. Eu te amo papai, amo a mamãe, a maninha e o maninho, todos...
- É a primeira vez que estou chorando filho, depois de ministrar aquela palestra, - disse aquele homem, depois de uma pausa, e, o filho passar a mão no rosto sulcado pelo tempo e secar as lágrimas daquele senhor, ele continuou - eu sabia que conseguiria outra família amada, assim como a passada. Fui condenado sem culpa, passei 7 anos em reclusão.
- Sempre procurei aprender com a dor e não me lamentar pela presença dela, mesmo sem compreendê-la.
- Filho - continuou ele - três horas de palestra em uma noite estavam escritos em meu computador, história que criei e comigo aconteceu tudo quanto estava escrito em meu computador e ministrado àquela noite.
O menino recitou algumas palavras que aprendera:
"NUNCA ESQUEÇAM DESTE HOMEM, JAMAIS DEIXOU DE VIVER, NÃO ABANDONOU A VIDA, SEMPRE ACREDITOU NO SEU POTENCIAL, RECONSTRUIU UMA NOVA FAMÍLIA. EITA FAMÍLIA FELIZ QUE ESTE HOMEM CONSTRUIU! ESTE HOMEM É MESMO UM VENCEDOR!!!"
- Papai - disse o garoto - a mamãe está no Parque do Canguru com a maninha e o maninho, vamos tambem. Somos mesmo uma FAMÍLIA PERFEITA!
- Obrigado filho - disse ele secando mais uma vez as lágrimas que desciam em seu rosto.
Chegando lá estavam os três componentes da família perfeita: uma mulher loira de cabelos ondulados, meiga, serena, olhos azuis de 35 anos, uma menina de 07 e mais um garotinho de 04 anos. Ao parar o carro saltou Matthew de 10 anos e logo em seguida começaram a cantar parabens a um homem que era MESMO UM VENCEDOR!
Em seguida uma menina de 07 anos lhe jogou muitas flores e gritou: - Viva! o papai tá fazendo 45 anos de idade! Somos memo uma família perfeita.
Com muita festa e muitos abraços iniciou uma nova tarde, uma tarde iguais as outras, mas diferente de todas as outras, sol depois de uma chuva de primavera e campos floridos.